Se o time do capitalismo jogasse futebol, talvez fosse mesmo o time canarinho. Cada um por si, e Deus contra todos.
Claro, tem que ser um time que ataca, que acredite que a melhor defesa é, mesmo, o ataque. E que jogue o tempo todo em campeonatos para ganhar. Nada de amistoso. É jogar pra dar goleada. Quanto mais goleadas conseguir dar no adversário, melhor. Não importa se o adversário é freguês, cliente ou funcionário. O que interessa é golear, e deixar que ele perca.
Aliás, o time capitalista espera isso mesmo. Que o adversário perca, perca bastante, até cair pra segunda divisão, ou pra terceira divisão, quarta, clube de várzea, miserável, more na rua e um dia morra de fome. E se na saída do estádio, formos entrevistar os jogadores, eles dirão o discurso capitalista, "Perdemos porque não jogamos bem, o outro time tava mais forte... mas Deus vai ajudar no próximo campeonato, se quem sabe a gente sobreviver até lá..."
Os juízes dos times capitalistas, é claro, também são capitalistas, e deixam ganhar quem pagar melhor. Se bobear, até eles fazem gol no time da várzea.
E a torcida é antropofágica. Ou, como diziam antigamente, canibal mesmo. São capazes de tudo pra arrancar o caro do time adversário. E do juiz. E da torcida adversário. Até invadem o campo, se sobrar uma brecha. Em partida capitalista é sempre bom ter uns policiais por perto, porque o jogo pode ser de vida ou morte. Muitas vezes é. E com sorte, a polícia consegue prender um ou dois jogadores do time adversário, só pra facilitar que o time deles lucre mais. Ops, goleie mais.
***
Já o time socialista é assim: joga na retranca. Ninguém toma gol. Nem faz gol. Todos os jogos terminam no zero a zero. Se alguém fizer gol, pode haver desigualdade esportiva, então é melhor não. Aliás, melhor nem competir mesmo. Fica só no amistoso. Talvez só no treino mesmo. Todo mundo treina, todo mundo fica melhor. Todo mundo joga bem por ali. Só não compete.
Como ninguém perde, ninguém chora, a imprensa não tem muito o que fazer na saída do estádio. No máximo o repórter dá sua própria opinião: "Ninguém ganhou o jogo hoje de novo, aqui no estádio da capital!" e aponta o microfone para o jogador e pergunta se ele está triste por não ter ganho, e o jogador responde "Não, tá tudo bem. Mas eu sinto inveja daqueles capitalistas que jogam pra ganhar e ficam felizes da vida."
E a platéia do futebol socialista? Não tem. Pra quê? Vai terminar em zero a zero mesmo! Eles foram eles mesmos jogar futebol. Todo mundo tá jogando futebol, nos campos, nas várzeas, nos quintais. É isso que eles gostam de fazer.
E os juízes têm de monte, porque em todo lugar tem gente jogando. Alguns se revezam entre ser juiz e ser jogador. E não, ninguém gosta do juiz mesmo assim. Ele continua tendo a mãe homenageada durante o jogo.
***
Mas qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência. Todo mundo sabe que futebol é futebol, e que capitalismo e socialismo são sistemas políticos. Não têm nada a ver um com o outro. Ou quase nada.
18 dezembro 2009
14 dezembro 2009
Heidnischkuchen - Torta Pagã
"Man soll einen Teig nehmen und den dünn ausrollen. Und nimm gekochtes Fleisch und Äpfel und gehackten Speck und Eier. Und backe es und serviere es und versalz es nicht."
http://www.kochmeister.com/r/46576-heidnischer-kuchen.html
ou, se você preferir, pode tentar fazer uma versão mais fácil, misturando essa receita de torta de liquidificador aqui
http://tudogostoso.uol.com.br/receita/1362-torta-de-liquidificador.html
com carne moída, bacon, maça e pimenta. :)
Viel Spaß und Glück!
http://www.kochmeister.com/r/46576-heidnischer-kuchen.html
ou, se você preferir, pode tentar fazer uma versão mais fácil, misturando essa receita de torta de liquidificador aqui
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com carne moída, bacon, maça e pimenta. :)
Viel Spaß und Glück!
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05 dezembro 2009
Círculo [Vício]so
Passei essa semana inteira em São José dos Campos, trabalhando para a Petrobrás.
Era um trabalho sobre a consciência de que alcoolismo é uma doença. Imagino que a incidência de alcoolismo entre os empregados deve estar preocupante.
Quem são os empregados em questão? Homens, em sua maioria de Minas Gerais e Nordeste, que conseguiram um emprego para trabalhar por 6 meses em um gasoduto em uma cidade do interior de São Paulo, no caso, São José dos Campos.
São José dos Campos é uma cidade de tamanho médio, com um bom governo, bom movimento cultural, pessoas de alto nível de instrução, e com taxa de pobreza abaixo da média nacional. Essa cidade também tem poços de gás natural, onde tem vários trabalhadores de outras partes do país, que não têm mais nada pra fazer além de trabalhar e ir pra cidade. Ah, sim, e a cidade também tem mulheres muito bonitas, que são atraentes para mim, para você e para os trabalhadores do gasoduto.
O gasoduto é uma tubulação utilizada para transportar gás natural de um lugar para outro. Dependendo do tamanho, pode levar vários meses, até anos para serem instalados. O que leva tempo suficiente para que seus trabalhadores conheçam pessoas na cidade, façam filhos, e deixem a cidade logo em seguida, deixando para trás os "filhos do gasoduto", como são chamados pelos trabalhadores da Petrobrás.
Petrobrás é a empresa que tem recebido reclamações sobre seus trabalhadores e seus "filhos do gasoduto". A empresa decide então, sugerir a seus trabalhadores que não vão mais se divertir na cidade, no caso São José dos Campos, e que vão fazer outra coisa, no caso ficar em casa tomando qualquer coisa.
Ficar em casa tomando qualquer coisa, multiplicado por 6 meses, elevado à quilometragem que está longe de sua família, somado à quantidade de trabalho diário exercido é uma fórmula que tem muito frequentemente um resultado chamado alcoolismo.
Alcoolismo é o problema que a Petrobrás quer resolver, e a razão do meu trabalho semana passada, e a razão desse post.
Era um trabalho sobre a consciência de que alcoolismo é uma doença. Imagino que a incidência de alcoolismo entre os empregados deve estar preocupante.
Quem são os empregados em questão? Homens, em sua maioria de Minas Gerais e Nordeste, que conseguiram um emprego para trabalhar por 6 meses em um gasoduto em uma cidade do interior de São Paulo, no caso, São José dos Campos.
São José dos Campos é uma cidade de tamanho médio, com um bom governo, bom movimento cultural, pessoas de alto nível de instrução, e com taxa de pobreza abaixo da média nacional. Essa cidade também tem poços de gás natural, onde tem vários trabalhadores de outras partes do país, que não têm mais nada pra fazer além de trabalhar e ir pra cidade. Ah, sim, e a cidade também tem mulheres muito bonitas, que são atraentes para mim, para você e para os trabalhadores do gasoduto.
O gasoduto é uma tubulação utilizada para transportar gás natural de um lugar para outro. Dependendo do tamanho, pode levar vários meses, até anos para serem instalados. O que leva tempo suficiente para que seus trabalhadores conheçam pessoas na cidade, façam filhos, e deixem a cidade logo em seguida, deixando para trás os "filhos do gasoduto", como são chamados pelos trabalhadores da Petrobrás.
Petrobrás é a empresa que tem recebido reclamações sobre seus trabalhadores e seus "filhos do gasoduto". A empresa decide então, sugerir a seus trabalhadores que não vão mais se divertir na cidade, no caso São José dos Campos, e que vão fazer outra coisa, no caso ficar em casa tomando qualquer coisa.
Ficar em casa tomando qualquer coisa, multiplicado por 6 meses, elevado à quilometragem que está longe de sua família, somado à quantidade de trabalho diário exercido é uma fórmula que tem muito frequentemente um resultado chamado alcoolismo.
Alcoolismo é o problema que a Petrobrás quer resolver, e a razão do meu trabalho semana passada, e a razão desse post.
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30 novembro 2009
Considerações teatrais...
Esse final de semana assisti um espetáculo ótimo do grupo Clowns de Shakespeare, que me deixou muito feliz, e até com um pouco de inveja (tamanha qualidade artística) e com um pouco de vontade de montar novos espetáculos.
E devo dizer que quando você trabalha com teatro, assistir um espetáculo é uma coisa muito estranha. Eu já entro na sala reparando se a cortina está aberta ou fechada, quantos refletores tem para a geral e outros detalhes como esses. É um inferno! Eu não consigo evitar reparar no acabamento do figurino, ou se a luz está bem afinada ou não. Meu olhar está treinado para isso!
A medida que o espetáculo acontece, minha cabeça está sempre a mil, imaginando se existiria um jeito melhor de encenar aquele texto, ou se o ator poderia ter dito o texto com outra entonação, ou se ele perdeu a chance de fazer uma piada que seria ótima...
Mas com "O Capitão e a Sereia" (a peça do final de semana) foi diferente. Eu voltei a ser um menino que ouvia uma história interessante e inédita.
E olha que eles ainda falavam o tempo todo sobre um grupo de teatro no sertão.
Se quiser, pode clicar aqui para ver o blog da trupe nordestina, e quem não viu em São Paulo provavelmente não terá chance de ver, porque eles voltam pra Natal amanhã mesmo.
Eles vão e me deixam aqui com vontade de fazer um espetáculo como aquele, cheio de fantasia, música, narrativas e espaços no tempo.
E devo dizer que quando você trabalha com teatro, assistir um espetáculo é uma coisa muito estranha. Eu já entro na sala reparando se a cortina está aberta ou fechada, quantos refletores tem para a geral e outros detalhes como esses. É um inferno! Eu não consigo evitar reparar no acabamento do figurino, ou se a luz está bem afinada ou não. Meu olhar está treinado para isso!
A medida que o espetáculo acontece, minha cabeça está sempre a mil, imaginando se existiria um jeito melhor de encenar aquele texto, ou se o ator poderia ter dito o texto com outra entonação, ou se ele perdeu a chance de fazer uma piada que seria ótima...
Mas com "O Capitão e a Sereia" (a peça do final de semana) foi diferente. Eu voltei a ser um menino que ouvia uma história interessante e inédita.
E olha que eles ainda falavam o tempo todo sobre um grupo de teatro no sertão.
Se quiser, pode clicar aqui para ver o blog da trupe nordestina, e quem não viu em São Paulo provavelmente não terá chance de ver, porque eles voltam pra Natal amanhã mesmo.
Eles vão e me deixam aqui com vontade de fazer um espetáculo como aquele, cheio de fantasia, música, narrativas e espaços no tempo.
23 novembro 2009
Após uma breve viagem ao outro lado do Equador, voltei para São Paulo e já me afundei até os cabelos na vida teatral paulista, ensaiando, apresentando, assistindo espetáculos, criando performances, visitando amigos e indo a festinhas particulares em vilas arborizadas escondidas no coração da metrópole.
Mas o pensamento que reinou absoluto na minha cabeça nessa agitada semana em São Paulo foi O Que Posso Fazer com Tudo Isso?.
Uma viagem a um lugar com cultura diferente serve pra muitas coisas, e uma delas é deslocar um pouco o nosso ponto de vista sobre nosso cotidiano (ou algo parecido com um cotidiano) para um ponto de vista um pouco mais distante, relativizado com a experiência da viagem.
Nesse caso, todo o sistema econômico socialista cubano me apontou que poderíamos fazer muito mais arte com as condições que temos, desde que sejamos um pouco mais corajosos (o que inclui coragem governamental) para utilizar o teatro como identidade da sociedade.
É com um pensamento confuso e ainda não-estruturado assim que sigo hoje buscando rumos a tomar e mais coragem para fazer todos os planos que borbulham na minha imaginação fértil.
E também lendo Adventures in the Dream Trade do genial Neil Gaiman, percebi como um blog pode ser legal, e vim aqui correndo postar algo sobre o que tem acontecido comigo.
Mas o pensamento que reinou absoluto na minha cabeça nessa agitada semana em São Paulo foi O Que Posso Fazer com Tudo Isso?.
Uma viagem a um lugar com cultura diferente serve pra muitas coisas, e uma delas é deslocar um pouco o nosso ponto de vista sobre nosso cotidiano (ou algo parecido com um cotidiano) para um ponto de vista um pouco mais distante, relativizado com a experiência da viagem.
Nesse caso, todo o sistema econômico socialista cubano me apontou que poderíamos fazer muito mais arte com as condições que temos, desde que sejamos um pouco mais corajosos (o que inclui coragem governamental) para utilizar o teatro como identidade da sociedade.
É com um pensamento confuso e ainda não-estruturado assim que sigo hoje buscando rumos a tomar e mais coragem para fazer todos os planos que borbulham na minha imaginação fértil.
E também lendo Adventures in the Dream Trade do genial Neil Gaiman, percebi como um blog pode ser legal, e vim aqui correndo postar algo sobre o que tem acontecido comigo.
15 outubro 2009
A grande verdade da nossa época (só seu conhecimento em nada nos faz
avançar, mas sem ela não se pode alcançar nenhuma outra verdade importante)
é que o nosso continente se afunda na barbárie porque nele se mantêm pela
violência determinadas relações de propriedade dos meios de produção. De que
serve escrever frases corajosas mostrando que é bárbaro o estado de coisas
em que nos afundamos (o que é verdade), se a razão de termos caído nesse
estado não se descortina com clareza? É nossa obrigação dizer que, se se
tortura, é para manter as relações de propriedade. Claro que ao dizermos
isso perdemos muitos amigos; aqueles que são contra a tortura porque julgam
ser possível manter sem ela as relações de propriedade (o que é falso).
Devemos dizer a verdade sobre as condições bárbaras que reinam no nosso país
a fim de tornar possível a ação que as fará desaparecer, isto é, que
transformará as relações de propriedade.
Devemos dizê-la aos que mais sofrem com as relações de propriedade e estão
mais interessados na sua transformação, ou seja: aos operários e aos que
podemos levar a aliarem-se com eles, por não serem proprietários dos meios
de produção, embora associados aos lucros e benefícios da exploração de quem
produz. E, é claro, devemos proceder com astúcia.
(Bertolt Brecht - As Cinco dificuldades de se escrever a Verdade.)
avançar, mas sem ela não se pode alcançar nenhuma outra verdade importante)
é que o nosso continente se afunda na barbárie porque nele se mantêm pela
violência determinadas relações de propriedade dos meios de produção. De que
serve escrever frases corajosas mostrando que é bárbaro o estado de coisas
em que nos afundamos (o que é verdade), se a razão de termos caído nesse
estado não se descortina com clareza? É nossa obrigação dizer que, se se
tortura, é para manter as relações de propriedade. Claro que ao dizermos
isso perdemos muitos amigos; aqueles que são contra a tortura porque julgam
ser possível manter sem ela as relações de propriedade (o que é falso).
Devemos dizer a verdade sobre as condições bárbaras que reinam no nosso país
a fim de tornar possível a ação que as fará desaparecer, isto é, que
transformará as relações de propriedade.
Devemos dizê-la aos que mais sofrem com as relações de propriedade e estão
mais interessados na sua transformação, ou seja: aos operários e aos que
podemos levar a aliarem-se com eles, por não serem proprietários dos meios
de produção, embora associados aos lucros e benefícios da exploração de quem
produz. E, é claro, devemos proceder com astúcia.
(Bertolt Brecht - As Cinco dificuldades de se escrever a Verdade.)
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07 outubro 2009
Carta de Intenção
Recentemente, tive que escrever algumas cartas de intenção. Ninguém sabe exatamente o que é isso, quando se lê nas instruções: "Para se inscrever nessa oficina, envie currículo e carta de intenção."
Pensei em várias cartas de intenção enquanto elaborava uma...
Carta de Intenção 1 -
"Olá, prezado. Minha intenção em fazer sua oficina é apenas a de matar meu tempo. Morro de tédio quando estou em casa."
Carta de Intenção 2 -
"Olá, minha intenção com essa matrícula é aumentar meu salário, minha fama, e meu acesso à groupies."
Carta de Intenção 3 -
"Minha intenção é a mesma de todas as noites. Tentar dominar o mundo!"
Carta de Intenção 4 -
"Minha intenção é fazer mais sexo do que normalmente faço."
Carta de Intenção 5 -
"Minha intenção é criar uma oficina melhor que a sua. Obrigado pela oportunidade."
Carta de Intenção 6 -
"Na verdade eu não tive intenção. Me inscrevi sem querer."
Pensei em várias cartas de intenção enquanto elaborava uma...
Carta de Intenção 1 -
"Olá, prezado. Minha intenção em fazer sua oficina é apenas a de matar meu tempo. Morro de tédio quando estou em casa."
Carta de Intenção 2 -
"Olá, minha intenção com essa matrícula é aumentar meu salário, minha fama, e meu acesso à groupies."
Carta de Intenção 3 -
"Minha intenção é a mesma de todas as noites. Tentar dominar o mundo!"
Carta de Intenção 4 -
"Minha intenção é fazer mais sexo do que normalmente faço."
Carta de Intenção 5 -
"Minha intenção é criar uma oficina melhor que a sua. Obrigado pela oportunidade."
Carta de Intenção 6 -
"Na verdade eu não tive intenção. Me inscrevi sem querer."
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21 setembro 2009
Hoje eu li em algum jornal... (na Folha, acho) que o metrô de São Paulo fez mais uma avanço em suas instalações para melhorar o sistema de transporte público da cidade.
Pois bem... eles fizeram uma escada-rolante mais rápida!
Sério!
...
A reportagem indica como a escada-rolante está fazendo a diferença nas estações em que já foi instalada. Que em uma hora, ela passou de 11 mil para 13 mil transeuntes transportados. E que uma pessoa leva menos de vinte segundos para percorrer 15 metros da escada-rolante.
Agora o que eu imagino é milhões de pessoas descendo muito mais rápido nas escadas-rolante da estação Sé pra fazer a baldeação, que continua a mesma merda. Em horários de pico (lê-se das 7h da manhã às 22h) os trens sempre estão uberlotados, e eu já fiquei até meia-hora esperando pra conseguir entrar num vagão. Mas veja bem, agora eu vou poder me entediar de esperar mais rápido com as novas escadas-rolante!
...
Isso deve fazer diferença mesmo é na estação Anhangabaú, onde você tem que pegar uns quinze lances de escada-rolante até sair na Praça D. José Gaspar. Aposto que o trajeto vai diminuir de 20 para 17 minutos.
Pô, que bom, vou parar de perder o ônibus, né! Talvez eu não saiba, talvez o ônibus sempre demore a chegar porque sempre que eu chego e tinha acabado de sair. E aí tenho que esperar mais 40 minutos para o próximo ônibus. Ainda bem que a escada-rolante está mais rápida! Não vou mais perder o ônibus!
Realmente, acelerar a escada-rolante foi um dinheiro muito bem gasto. Quando fizerem as novas linhas do metrô em 2015, espero que todas estejam com escadas-rolante modernas.
[dividindo a indignação mode: on]
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01 agosto 2009
Quando comecei a fazer teatro na cidade gigante de São Paulo, a primeira coisa que procurei foi achar a minha turma.
Fui até a turma do teatro político, me apresentei e tomamos algumas cervejas juntos. Ouvi eles reclamarem que não estamos fazendo nada para melhorar nossa condição. Ouvi dizerem que o melhor teatro é o deles. Tentamos fazer uma peça juntos, mas não deu certo, porque todos estávamos sem grana. Tentamos fazer um movimento para ganhar verba do governo, e ainda estamos fazendo reuniões públicas sobre isso.
Fui até a turma do teatro de grupo. Gosto do teatro deles. Eles também são ativos politicamente. Tomamos café juntos e conversamos. Não pude fazer peça com eles, mas deixaram que eu estagiasse como contra-regras. Carreguei cenário deles. Ajudei a fazer produção pra eles. Eles me estimularam muito para fazer meu próprio grupo.
Fui até a turma do teatro musical. Primeiro perguntaram o que eu estava fazendo ali, e me apresentei. Me levaram para fazer alguns testes. Me apresentaram para produtores importantes. Cheguei até a transar com algumas modelos. Sugeriram que eu morasse no Rio.
Fui até a turma do teatro da periferia. Me acolheram com entusiasmo. Trabalhamos com as crianças. Fizemos uma peça e apresentamos. Fizemos outra. E mais uma depois. Sugeri que procurássemos patrocínio. Estamos procurando.
No final das contas, contei tudo aos meus antigos amigos. E eles perguntaram se não poderíamos fazer uma peça juntos. Estamos apresentando até hoje....
Fui até a turma do teatro político, me apresentei e tomamos algumas cervejas juntos. Ouvi eles reclamarem que não estamos fazendo nada para melhorar nossa condição. Ouvi dizerem que o melhor teatro é o deles. Tentamos fazer uma peça juntos, mas não deu certo, porque todos estávamos sem grana. Tentamos fazer um movimento para ganhar verba do governo, e ainda estamos fazendo reuniões públicas sobre isso.
Fui até a turma do teatro de grupo. Gosto do teatro deles. Eles também são ativos politicamente. Tomamos café juntos e conversamos. Não pude fazer peça com eles, mas deixaram que eu estagiasse como contra-regras. Carreguei cenário deles. Ajudei a fazer produção pra eles. Eles me estimularam muito para fazer meu próprio grupo.
Fui até a turma do teatro musical. Primeiro perguntaram o que eu estava fazendo ali, e me apresentei. Me levaram para fazer alguns testes. Me apresentaram para produtores importantes. Cheguei até a transar com algumas modelos. Sugeriram que eu morasse no Rio.
Fui até a turma do teatro da periferia. Me acolheram com entusiasmo. Trabalhamos com as crianças. Fizemos uma peça e apresentamos. Fizemos outra. E mais uma depois. Sugeri que procurássemos patrocínio. Estamos procurando.
No final das contas, contei tudo aos meus antigos amigos. E eles perguntaram se não poderíamos fazer uma peça juntos. Estamos apresentando até hoje....
28 junho 2009
Discurso Matrimonial
No final da festa, quando a maioria dos convidados já tinham ido embora, o noivo sobe no palco, pega o microfone e diz:
"E agora, o fim está próximo. Já até fecharam as cortinas. Meus amigos, vou dizer claramente sobre o meu caso. Está tudo bem claro.
Eu vivi uma vida cheia. Viajei em quase todas as estradas. E muitas outras coisas, eu fiz do meu jeito.
Arrependimentos... tive alguns. Mas mesmo assim, tão pequenos, que nem vale a pena mencionar. Eu fiz o que tinha de fazer. E passei por tudo, tudo, sem exceção.
Eu planejei cada passo. Cada pequeno movimento pelo caminho. E mais ainda, muito mais que isso, tudo do meu jeito.
Sim, houve tempos, eu sei que vocês sabem, em que talvez eu tenha mordido mais do que conseguiria comer. Mas aí, quando surgiam dúvidas, eu engolia tudo, ou cuspia. Eu encarava de cabeça erguida. E encarei do meu jeito.
Eu amei, eu ri, eu chorei, eu tive minha parte. E minha porção de perdas. E agora, sem lágrimas nos olhos, acho que foi tudo muito excitante.
E pensar que fiz tudo isso. Ainda ouso dizer: não foi de uma maneira discreta. Ah não, meus amigos, eu não. Eu fiz tudo do meu jeito.
O que é um homem? O que um homem tem? Apenas a ele mesmo! Para dizer as coisas que ele realmente sente! E não dizer as palavras daqueles que se ajoelham. As gravações mostraram como eu atropelei a vida! E fiz isso do meu jeito!"
"E agora, o fim está próximo. Já até fecharam as cortinas. Meus amigos, vou dizer claramente sobre o meu caso. Está tudo bem claro.
Eu vivi uma vida cheia. Viajei em quase todas as estradas. E muitas outras coisas, eu fiz do meu jeito.
Arrependimentos... tive alguns. Mas mesmo assim, tão pequenos, que nem vale a pena mencionar. Eu fiz o que tinha de fazer. E passei por tudo, tudo, sem exceção.
Eu planejei cada passo. Cada pequeno movimento pelo caminho. E mais ainda, muito mais que isso, tudo do meu jeito.
Sim, houve tempos, eu sei que vocês sabem, em que talvez eu tenha mordido mais do que conseguiria comer. Mas aí, quando surgiam dúvidas, eu engolia tudo, ou cuspia. Eu encarava de cabeça erguida. E encarei do meu jeito.
Eu amei, eu ri, eu chorei, eu tive minha parte. E minha porção de perdas. E agora, sem lágrimas nos olhos, acho que foi tudo muito excitante.
E pensar que fiz tudo isso. Ainda ouso dizer: não foi de uma maneira discreta. Ah não, meus amigos, eu não. Eu fiz tudo do meu jeito.
O que é um homem? O que um homem tem? Apenas a ele mesmo! Para dizer as coisas que ele realmente sente! E não dizer as palavras daqueles que se ajoelham. As gravações mostraram como eu atropelei a vida! E fiz isso do meu jeito!"
15 junho 2009
Odisséia no Espaço
Desde pequeno, Tomas tem esse sentimento de liberdade. Algo como claustrofobia, só que mais leve, e mais amplo. Tomas é o tipo do cara que se sente incomodado se você segurar no braço dele. Logo vai praguejar um "me solta!" mal-humorado.
Tomas obedece as instruções da base, coloca seu capacete e toma suas pílulas de proteína. Senta-se no banco do piloto e passa o cinto. Pilotar é sua forma de expressar a liberdade. Logo quando aprendeu a dirigir, antes mesmo de tirar a carteira de habilitação, Tomas pegou o carro de sua mãe, e viajou por um mês e meio. Era uma urgência. Uma urgência por mudança. E não é como se Tomas precisasse conhecer novos lugares. Ele apenas precisava saber se ele era capaz de viajar para novos lugares. É diferente. É o sentimento de liberdade lutando contra o sentimento de pertencer a um lugar.
A base de controle informa o início da contagem regressiva para o lançamento. Tomas aciona a partida dos motores de propulsão. Checa a ignição. E ouve a base de controle desejando "boa sorte, e que o amor de Deus esteja com você." Enquanto descem os números da contagem, Tomas não percebe o quanto essa viagem é semelhante a todas as outras. De quando saiu da casa de seus pais e nunca mais voltou. Ou de quando saiu de seu país e não voltou. Ou quando quase largou sua mulher uma vez. Voltou quando descobriu que ela estava grávida. O sentimento paterno seria a única coisa que prendia Tomas?
Lançamento.
Já fora da atmosfera terrestre, Tomas ouve o comunicador soar.
"Base para Major Tom."
Tomas responde que está consciente e bem.
"Ótimo, Major Tom. Você realmente conseguiu."
O caminho da vida de Tomas não tem volta. Ele sabe disso e não se importa.
Após alguns dias no espaço, Tomas já está familiarizado com a pressão, a falta de gravidade, as cápsulas de comida, e o tipo de relação com os humanos em seu comunicador.
"Base para Major Tom. A imprensa está querendo saber que marca de camisetas você costuma usar."
O sentimento de ânsia por liberdade começa a aflorar novamente em Tomas.
"Base para Major Tom. sua órbita está estabilizada. Está na hora de sair da cápsula, quando estiver pronto."
Tomas veste seu uniforme. Já fazia dias que só usava roupas de baixo na cápsula. Aciona o comunicador de seu capacete. Liga os tubos de respiração. Prende os mosquetões aos cabos. Despressuriza a câmara. Aciona a porta.
"Major Tomas para base de controle. Estou saindo pela porta. Senti a diferença de pressão. Ainda estou conectado à cápsula pelos cabos e o tubo de oxigênio. Estou flutuando da maneira mais peculiar. (Tomas ri.) As estrelas parecem diferente hoje."
"Base para Major Tom. Por favor avise quando terminar os procedimentos externos à cápsula. Marcamos uma entrevista com um programa de TV."
Tomas senta-se no que considerou ser o topo de sua nave. Sentia-se alto, porque dali conseguia ver o planeta terra abaixo de seus pés. O conceito de altura é bastante complexo para alguém que se locomove no espaço sem gravidade. É como o conceito de identidade, que fica mais complexo quando passamos a morar em outro país. E mesmo assim, mesmo cem mil milhas distante de seu planeta, de seu país, e da casa de sua mãe, mesmo assim Major Tomas sentiu-se estável. Nem mesmo o movimento disforme em gravidade zero o surpreendia mais.
"Major Tom para base. O planeta Terra é azul. E não tem mais nada que eu possa fazer aqui. Acho que minha espaçonave sabe como voltar. Digam à minha esposa que eu a amo muito. Ela sabe."
A cápsula espacial aciona o piloto automática e inicia o movimento de reversão. Recolhe os cabos e fecha a porta.
"Base para Major Tom. Os circuitos não respondem ao nosso comando. Há algo errado? Pode me ouvir, Major Tom? Pode me ouvir, Major Tom? Pode me ouvir?..."
Tomas obedece as instruções da base, coloca seu capacete e toma suas pílulas de proteína. Senta-se no banco do piloto e passa o cinto. Pilotar é sua forma de expressar a liberdade. Logo quando aprendeu a dirigir, antes mesmo de tirar a carteira de habilitação, Tomas pegou o carro de sua mãe, e viajou por um mês e meio. Era uma urgência. Uma urgência por mudança. E não é como se Tomas precisasse conhecer novos lugares. Ele apenas precisava saber se ele era capaz de viajar para novos lugares. É diferente. É o sentimento de liberdade lutando contra o sentimento de pertencer a um lugar.
A base de controle informa o início da contagem regressiva para o lançamento. Tomas aciona a partida dos motores de propulsão. Checa a ignição. E ouve a base de controle desejando "boa sorte, e que o amor de Deus esteja com você." Enquanto descem os números da contagem, Tomas não percebe o quanto essa viagem é semelhante a todas as outras. De quando saiu da casa de seus pais e nunca mais voltou. Ou de quando saiu de seu país e não voltou. Ou quando quase largou sua mulher uma vez. Voltou quando descobriu que ela estava grávida. O sentimento paterno seria a única coisa que prendia Tomas?
Lançamento.
Já fora da atmosfera terrestre, Tomas ouve o comunicador soar.
"Base para Major Tom."
Tomas responde que está consciente e bem.
"Ótimo, Major Tom. Você realmente conseguiu."
O caminho da vida de Tomas não tem volta. Ele sabe disso e não se importa.
Após alguns dias no espaço, Tomas já está familiarizado com a pressão, a falta de gravidade, as cápsulas de comida, e o tipo de relação com os humanos em seu comunicador.
"Base para Major Tom. A imprensa está querendo saber que marca de camisetas você costuma usar."
O sentimento de ânsia por liberdade começa a aflorar novamente em Tomas.
"Base para Major Tom. sua órbita está estabilizada. Está na hora de sair da cápsula, quando estiver pronto."
Tomas veste seu uniforme. Já fazia dias que só usava roupas de baixo na cápsula. Aciona o comunicador de seu capacete. Liga os tubos de respiração. Prende os mosquetões aos cabos. Despressuriza a câmara. Aciona a porta.
"Major Tomas para base de controle. Estou saindo pela porta. Senti a diferença de pressão. Ainda estou conectado à cápsula pelos cabos e o tubo de oxigênio. Estou flutuando da maneira mais peculiar. (Tomas ri.) As estrelas parecem diferente hoje."
"Base para Major Tom. Por favor avise quando terminar os procedimentos externos à cápsula. Marcamos uma entrevista com um programa de TV."
Tomas senta-se no que considerou ser o topo de sua nave. Sentia-se alto, porque dali conseguia ver o planeta terra abaixo de seus pés. O conceito de altura é bastante complexo para alguém que se locomove no espaço sem gravidade. É como o conceito de identidade, que fica mais complexo quando passamos a morar em outro país. E mesmo assim, mesmo cem mil milhas distante de seu planeta, de seu país, e da casa de sua mãe, mesmo assim Major Tomas sentiu-se estável. Nem mesmo o movimento disforme em gravidade zero o surpreendia mais.
"Major Tom para base. O planeta Terra é azul. E não tem mais nada que eu possa fazer aqui. Acho que minha espaçonave sabe como voltar. Digam à minha esposa que eu a amo muito. Ela sabe."
A cápsula espacial aciona o piloto automática e inicia o movimento de reversão. Recolhe os cabos e fecha a porta.
"Base para Major Tom. Os circuitos não respondem ao nosso comando. Há algo errado? Pode me ouvir, Major Tom? Pode me ouvir, Major Tom? Pode me ouvir?..."
13 junho 2009
Depois da Revolução Geek: Cena 2
*na Central de Informações*
Jovem: Como faço pra trabalhar agora?
Informante: Arranja um computador com internet.
Jovem: Onde?
Informante: Em qualquer lugar. A rede Wi-Fi foi aberta mundialmente. Internet agora é um patrimônio da humanidade, direito de todos.
Jovem: Legal. Vou jogar Warcraft na balada! hehe
Informante: ...
Jovem: Mas então... e o emprego?
Informante: Sim. Joga no Google. "Empregos"
Jovem: Sério?
Informante: Sério. Agora todos os empregos disponíveis estão no site Job.com. Empregos no mundo inteiro.
Jovem: Sei...
Informante: Depois você pode selecionar por tipo de emprego, área... ou só por região, se não te importar em que emprego conseguires.
Jovem: Só quero um que pague bem.
Informante: Todos pagam a mesma coisa.
*mexendo em um computador*
Jovem: Vejamos então. Sempre achei que seria legal ser adestrador de cães! hehe *olhando o monitor* 217 vagas disponíveis. Vagas na Europa, 48. Massa. Que países... Alemanha, 3. Heilderberg, 1. É lá mesmo! *clica* Pré-requisitos: curso de adestramento. Alemão básico. Ha! Sabia que tinha um porém. Tem links aqui. Curso de adestramento. O mais próximo. 1 curso em Campinas. Style. Aproveito e faço alemão por lá também! Próxima parada, Campinas!
Jovem: Como faço pra trabalhar agora?
Informante: Arranja um computador com internet.
Jovem: Onde?
Informante: Em qualquer lugar. A rede Wi-Fi foi aberta mundialmente. Internet agora é um patrimônio da humanidade, direito de todos.
Jovem: Legal. Vou jogar Warcraft na balada! hehe
Informante: ...
Jovem: Mas então... e o emprego?
Informante: Sim. Joga no Google. "Empregos"
Jovem: Sério?
Informante: Sério. Agora todos os empregos disponíveis estão no site Job.com. Empregos no mundo inteiro.
Jovem: Sei...
Informante: Depois você pode selecionar por tipo de emprego, área... ou só por região, se não te importar em que emprego conseguires.
Jovem: Só quero um que pague bem.
Informante: Todos pagam a mesma coisa.
*mexendo em um computador*
Jovem: Vejamos então. Sempre achei que seria legal ser adestrador de cães! hehe *olhando o monitor* 217 vagas disponíveis. Vagas na Europa, 48. Massa. Que países... Alemanha, 3. Heilderberg, 1. É lá mesmo! *clica* Pré-requisitos: curso de adestramento. Alemão básico. Ha! Sabia que tinha um porém. Tem links aqui. Curso de adestramento. O mais próximo. 1 curso em Campinas. Style. Aproveito e faço alemão por lá também! Próxima parada, Campinas!
01 junho 2009
Depois da Revolução Geek: Cena 1
Jovem - Mas e agora, de qual banco eu tiro grana?
Geek - Nenhum. Todo o dinheiro do mundo é virtual. Salvaremos árvores economizando muito papel.
Jovem - Você não entendeu. Se todos os bancos são iguais, onde eu olho minha conta?
Geek - Qualquer um. Estão todos no mesmo sistema.
Jovem - Entendi. É a mesma conta que eu tinha antes?
Geek - Não. Sua conta agora é o seu número de CPF. Esse é o mesmo de antes.
Jovem - Certo.
*no banco*
Jovem - Achei que iam zerar minha conta, ou algo assim.
Bancária - Eles não quiseram ser tão drásticos. E agora você vai ganhar um salário virtual.
Jovem - Como assim?
Bancária- Todo mês, vão depositar mil dólares na conta de todas as pessoas do mundo.
Jovem - Do mundo?
Bancária - É.
Jovem - E de onde vem toda essa grana?
Bancária - É uma grana virtual. Ela não vem de lugar nenhum. E você não pode retirar, só pode trocar por produtos.
Jovem - Que de boa. Vou viver o resto da vida sem trampar. Essa revolução não mudou muito minha vida, hehe.
Bancária - Você não entendeu ainda, né? Você tem que trabalhar 30 anos, ou 45000 horas. Senão você perde o direito à grana.
Jovem - Fácil! Vou aposentar com cinquenta! hehe
Geek - Nenhum. Todo o dinheiro do mundo é virtual. Salvaremos árvores economizando muito papel.
Jovem - Você não entendeu. Se todos os bancos são iguais, onde eu olho minha conta?
Geek - Qualquer um. Estão todos no mesmo sistema.
Jovem - Entendi. É a mesma conta que eu tinha antes?
Geek - Não. Sua conta agora é o seu número de CPF. Esse é o mesmo de antes.
Jovem - Certo.
*no banco*
Jovem - Achei que iam zerar minha conta, ou algo assim.
Bancária - Eles não quiseram ser tão drásticos. E agora você vai ganhar um salário virtual.
Jovem - Como assim?
Bancária- Todo mês, vão depositar mil dólares na conta de todas as pessoas do mundo.
Jovem - Do mundo?
Bancária - É.
Jovem - E de onde vem toda essa grana?
Bancária - É uma grana virtual. Ela não vem de lugar nenhum. E você não pode retirar, só pode trocar por produtos.
Jovem - Que de boa. Vou viver o resto da vida sem trampar. Essa revolução não mudou muito minha vida, hehe.
Bancária - Você não entendeu ainda, né? Você tem que trabalhar 30 anos, ou 45000 horas. Senão você perde o direito à grana.
Jovem - Fácil! Vou aposentar com cinquenta! hehe
28 maio 2009
Vcs vão t q m engolir!
Quando fui escalado para técnico da seleção, foi exatamente a primeira coisa que pensei: vou ouvir os conselhos.
Então, baseado no que o pai do Cláudio me disse, contratei de volta os antigos atacantes do time em 2002, e dispensei os atuais. Agora, ex-atuais.
Desde pequeno, eu me impressionava como todas as pessoas à minha volta pareciam serem melhores técnicos do que o Zagalo ou o Parreira. Até hoje eu me lembro de comentários que poderiam ter salvado campeonatos. "Se o Zagalo tivesse usado mais uma substituição, teria ganho a copa", ou "O Parreira convocou o atacante errado. Aquele seria mais útil" sempre me impressionavam, quando me pai falava na frente da TV. E logo após ficava a dúvida, quando foi que meu pai tinha parado de falar sozinho e começado a falar comigo.
Até mesmo minha mãe, que não ligava pra futebol arriscava que "O Dunga era melhor capitão, devia ter ficado."
Então, estava decidido. Celular na mão, lap top para enquetes, twitter e o escambau. Começamos os primeiros jogos e logo deu certo. Liguei para o meu pai.
- Pai, acha que eu troco o Ronaldo?
- Não, manda ele descansar um pouco, correr menos agora, e dar um pique pra fazer um gol no final do tempo.
Deu certo. Ganhamos de um a zero.
Dali a dois jogos, outra surpresa: Lancei no Twitter se deveria tirar o Rafael depois de ganhar cartão amarelo. Internautas de plantão disseram que sim. Tirei. Empatamos. Talvez tivesse perdido com um jogador a menos.
Quando chegamos nas oitavas de final, comecei a exigir mais dos meus conselheiros.
- Pai, quem eu coloco no ataque?
E meu pai me dava o mesmo conselho que o pessoal no blog comentara antes.
- Mãe, começo o jogo com qual goleiro?
Minha mãe era para mim, como uma relação instintiva pelo futebol. Se preciso seguir meu instinto, ligo para minha mãe. Seguir meu instinto foi o conselho que deram na comunidade do Orkut.
Tudo correu mais ou menos bem até as quartas de final, antes de um jogo contra um país da Europa Oriental.
Os conselhos postados na comunidade do Orkut eram os mais diversos possíveis. Não consegui distinguir qual era a opinião da maioria. No Twitter parecia unanimidade de que o camisa 10 deveria ficar de fora do jogo.
- Não! disse meu pai. Ele é quem salva as partidas! O povo não presta atenção nos bons passadores de bola. Ele não erra um passe.
Postei a opinião de meu pai na internet. Os internautas responderam. "Camisa 10 é pra fazer gol, não pra passar a bola!"
Mandei o mail do meu pai para eles discutirem e chegarem a uma conclusão. Por favor, mandem cópias para mim! Preciso acompanhar a discussão!
Desastre completo. Perdemos o jogo. Com camisa 10 e muitos passes perfeitos. E meu pai ainda levou uma enxurrada de e-mails de internautas exibindo impressionantes habilidades para desenhar órgãos genitais masculinos apenas usando letras de teclado.
Então, baseado no que o pai do Cláudio me disse, contratei de volta os antigos atacantes do time em 2002, e dispensei os atuais. Agora, ex-atuais.
Desde pequeno, eu me impressionava como todas as pessoas à minha volta pareciam serem melhores técnicos do que o Zagalo ou o Parreira. Até hoje eu me lembro de comentários que poderiam ter salvado campeonatos. "Se o Zagalo tivesse usado mais uma substituição, teria ganho a copa", ou "O Parreira convocou o atacante errado. Aquele seria mais útil" sempre me impressionavam, quando me pai falava na frente da TV. E logo após ficava a dúvida, quando foi que meu pai tinha parado de falar sozinho e começado a falar comigo.
Até mesmo minha mãe, que não ligava pra futebol arriscava que "O Dunga era melhor capitão, devia ter ficado."
Então, estava decidido. Celular na mão, lap top para enquetes, twitter e o escambau. Começamos os primeiros jogos e logo deu certo. Liguei para o meu pai.
- Pai, acha que eu troco o Ronaldo?
- Não, manda ele descansar um pouco, correr menos agora, e dar um pique pra fazer um gol no final do tempo.
Deu certo. Ganhamos de um a zero.
Dali a dois jogos, outra surpresa: Lancei no Twitter se deveria tirar o Rafael depois de ganhar cartão amarelo. Internautas de plantão disseram que sim. Tirei. Empatamos. Talvez tivesse perdido com um jogador a menos.
Quando chegamos nas oitavas de final, comecei a exigir mais dos meus conselheiros.
- Pai, quem eu coloco no ataque?
E meu pai me dava o mesmo conselho que o pessoal no blog comentara antes.
- Mãe, começo o jogo com qual goleiro?
Minha mãe era para mim, como uma relação instintiva pelo futebol. Se preciso seguir meu instinto, ligo para minha mãe. Seguir meu instinto foi o conselho que deram na comunidade do Orkut.
Tudo correu mais ou menos bem até as quartas de final, antes de um jogo contra um país da Europa Oriental.
Os conselhos postados na comunidade do Orkut eram os mais diversos possíveis. Não consegui distinguir qual era a opinião da maioria. No Twitter parecia unanimidade de que o camisa 10 deveria ficar de fora do jogo.
- Não! disse meu pai. Ele é quem salva as partidas! O povo não presta atenção nos bons passadores de bola. Ele não erra um passe.
Postei a opinião de meu pai na internet. Os internautas responderam. "Camisa 10 é pra fazer gol, não pra passar a bola!"
Mandei o mail do meu pai para eles discutirem e chegarem a uma conclusão. Por favor, mandem cópias para mim! Preciso acompanhar a discussão!
Desastre completo. Perdemos o jogo. Com camisa 10 e muitos passes perfeitos. E meu pai ainda levou uma enxurrada de e-mails de internautas exibindo impressionantes habilidades para desenhar órgãos genitais masculinos apenas usando letras de teclado.
23 maio 2009
A Gripe Suína
O homem de bigodinho e óculos de armação grossa abre o pacote de M&Ms enquanto está parado no trânsito na Doutor Arnaldo. São quase sete da noite, e ainda levará um tempo para completar o seu trajeto do serviço para casa.
O farol abre novamente e ele chega a ser o primeiro da fila quando o farol fecha. Mal passam três carros a cada intervalo do cruzamento. O homem de bigodinho bem aparado e óculos de armação grossa escura termina de esvaziar o pacote de M&Ms em sua boca, em um movimento de suspender o pacote aberto sobre seu rosto, como se esperasse cair uma última unidade solta de bala de chocolate. Não cai mais nenhuma. O homem amassa o pacote com uma mão, enquanto a outra solta do volante para abrir o vidro.
Com o vidro à sua esquerda aberto, o homem pode ver pessoas sobre uma plataforma esperando o próximo ônibus que virá pelo corredor de ônibus e os levará morro abaixo pela Rua da Consolação. Enquanto o homem olha as pessoas no ponto, algumas pessoas olham de volta para o homem dentro do carro e se, por acaso, seus olhares se cruzam, ambos desviam os olhares rapidamente, e voltam o olhar para outro foco.
O farol se ilumina verde, indicando que os próximos três carros conseguirão ganhar alguns metros adiante em seu caminho, e o que se passa a seguir é acelerado pela fúria dos motoristas que desejam chegar em casa o quanto antes. O homem engata a primeira marcha. Os últimos pedestres correm para terminar de atravessar a rua. Uma moto passa entre os carros. O homem joga o papel de M&Ms pela janela do carro. O carro à direita avança sobre a faixa de pedestres. O homem fecha a janela e arranca o carro. O carro à direita vira em direção ao carro do homem de bigode, impedindo sua passagem. O homem de bigode pisa no freio evitando uma colisão. O carro que estava à direita segue em frente, desocupando o espaço sobre a faixa de pedestres. O farol fecha.
O homem de bigode espirra dentro de seu carro, sem se mover, e com vidros fechados.
O pacote de chocolate cai no chão, e rola para próximo da guia da calçada.
Esse foi considerado o primeiro caso de gripe suína da cidade de São Paulo.
***
Logo a gripe se espalhou pela cidade. Em diversos pontos de trânsito, motoristas começaram a espirrar, mesmo estando com vidros fechados. Em menos de 72 horas, muitos deles chegaram a falecer. A gripe afetou principalmente homens motoristas, avançados na idade madura.
Curiosamente, a zona leste da cidade foi uma das mais afetada pela gripe. Ruas que eram intensamente trafegadas, como a Radial Leste, passaram a ficar vazias. Os jovens que ainda viviam passaram a ocupar seu espaço com jogos de futebol, vôlei ou taco. Quando de tempos em tempos passava algum carro, eles prontamente chutavam a bola para a calçada e permitiam a passagem do motorista.
Aos poucos, também o Rio Tietê, que cruza a cidade passou a mudar de figura.
Muitos caminhoneiros que passavam por ali foram afetados pela gripe suína, e a notícia correu por outras cidades do Brasil. Não deveria mais se cruzar por dentro de São Paulo. Era muito perigoso. E a estrada que circundava São Paulo foi terminada sob pressão da população. As vias pavimentadas das marginais do rio passaram a ficar vazias, sem os caminhões que frequentavam, sem vendedores ambulantes e sem lixo nas vias. Quase todos haviam morrido. Dali a cinco anos, o rio voltará a ficar frequentado pelos sobreviventes da gripe suína. Peixes começarão a descer até a zona antigamente poluída do rio. Em menos de dois anos depois, voltará a ser potável.
O farol abre novamente e ele chega a ser o primeiro da fila quando o farol fecha. Mal passam três carros a cada intervalo do cruzamento. O homem de bigodinho bem aparado e óculos de armação grossa escura termina de esvaziar o pacote de M&Ms em sua boca, em um movimento de suspender o pacote aberto sobre seu rosto, como se esperasse cair uma última unidade solta de bala de chocolate. Não cai mais nenhuma. O homem amassa o pacote com uma mão, enquanto a outra solta do volante para abrir o vidro.
Com o vidro à sua esquerda aberto, o homem pode ver pessoas sobre uma plataforma esperando o próximo ônibus que virá pelo corredor de ônibus e os levará morro abaixo pela Rua da Consolação. Enquanto o homem olha as pessoas no ponto, algumas pessoas olham de volta para o homem dentro do carro e se, por acaso, seus olhares se cruzam, ambos desviam os olhares rapidamente, e voltam o olhar para outro foco.
O farol se ilumina verde, indicando que os próximos três carros conseguirão ganhar alguns metros adiante em seu caminho, e o que se passa a seguir é acelerado pela fúria dos motoristas que desejam chegar em casa o quanto antes. O homem engata a primeira marcha. Os últimos pedestres correm para terminar de atravessar a rua. Uma moto passa entre os carros. O homem joga o papel de M&Ms pela janela do carro. O carro à direita avança sobre a faixa de pedestres. O homem fecha a janela e arranca o carro. O carro à direita vira em direção ao carro do homem de bigode, impedindo sua passagem. O homem de bigode pisa no freio evitando uma colisão. O carro que estava à direita segue em frente, desocupando o espaço sobre a faixa de pedestres. O farol fecha.
O homem de bigode espirra dentro de seu carro, sem se mover, e com vidros fechados.
O pacote de chocolate cai no chão, e rola para próximo da guia da calçada.
Esse foi considerado o primeiro caso de gripe suína da cidade de São Paulo.
***
Logo a gripe se espalhou pela cidade. Em diversos pontos de trânsito, motoristas começaram a espirrar, mesmo estando com vidros fechados. Em menos de 72 horas, muitos deles chegaram a falecer. A gripe afetou principalmente homens motoristas, avançados na idade madura.
Curiosamente, a zona leste da cidade foi uma das mais afetada pela gripe. Ruas que eram intensamente trafegadas, como a Radial Leste, passaram a ficar vazias. Os jovens que ainda viviam passaram a ocupar seu espaço com jogos de futebol, vôlei ou taco. Quando de tempos em tempos passava algum carro, eles prontamente chutavam a bola para a calçada e permitiam a passagem do motorista.
Aos poucos, também o Rio Tietê, que cruza a cidade passou a mudar de figura.
Muitos caminhoneiros que passavam por ali foram afetados pela gripe suína, e a notícia correu por outras cidades do Brasil. Não deveria mais se cruzar por dentro de São Paulo. Era muito perigoso. E a estrada que circundava São Paulo foi terminada sob pressão da população. As vias pavimentadas das marginais do rio passaram a ficar vazias, sem os caminhões que frequentavam, sem vendedores ambulantes e sem lixo nas vias. Quase todos haviam morrido. Dali a cinco anos, o rio voltará a ficar frequentado pelos sobreviventes da gripe suína. Peixes começarão a descer até a zona antigamente poluída do rio. Em menos de dois anos depois, voltará a ser potável.
11 maio 2009
hellsand - It is a heavy metal universe!
Olá.
Como primeiro post do blog, acho que deveríamos nos conhecer melhor primeiro.
Então, gostaria que cada um falasse o seu nome, o que faz, e a cidade onde nasceu, começando pela pessoa à minha direita.
(...)
Bom, obrigado, muito legal conhecer melhor vocês.
Eu sou o Bruno, a.k.a. hellsand, minhas ocupações principais são: ator, iluminador, namorado, dono da Frida, Co-líder da aliança dos Elfos, e Geek honorário. Hum... não necessáriamente nessa mesma ordem.
Vou postando aí sobre qualquer coisa, e no final eu lanço um livro com os posts do blog e fico rico!
Cheers!!!
Como primeiro post do blog, acho que deveríamos nos conhecer melhor primeiro.
Então, gostaria que cada um falasse o seu nome, o que faz, e a cidade onde nasceu, começando pela pessoa à minha direita.
(...)
Bom, obrigado, muito legal conhecer melhor vocês.
Eu sou o Bruno, a.k.a. hellsand, minhas ocupações principais são: ator, iluminador, namorado, dono da Frida, Co-líder da aliança dos Elfos, e Geek honorário. Hum... não necessáriamente nessa mesma ordem.
Vou postando aí sobre qualquer coisa, e no final eu lanço um livro com os posts do blog e fico rico!
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